Essa semana me peguei refletindo sobre experiência, prática e especialização. A pergunta básica se referia ao fato de questionar se realmente prática leva à perfeição ou se esse ditado popular não seria um exagero. Uma boa resposta para essa questão eu encontrei na Neurociência e na Economia Comportamental.
Sabemos que em relação à tomada de decisões, nosso cérebro como bem disse Daniel Kahneman, tem duas formas de pensar. Nosso cérebro então teria respostas rápidas para a grande maioria das decisões que tomamos e que são baseadas na repetição e experiência. Kahneman chamou de heurísticas ou regras de bolso que usamos para decidir com menor custo cognitivo para nosso cérebro. Em resumo pensar rápido está ligado com a ideia de automatismos.
Para respostas que demandem maior reflexão, precisamos de mais tempo para encontrar a resposta. Temos maior custo cognitivo e por isso leva mais tempo para decidirmos quando não temos regras de bolso para usar ou quando pela experiência (prática leva à perfeição) não sabemos ao certo qual melhor decisão tomar ou resposta a dar para determinada situação.
Mas, diferente do que muitos pensam, os cálculos realizados pelo cérebro,não são lentos nem imprecisos e muito menos, as heurísticas nos levam sempre para decisões rápidas e não ótimas. É uma questão de perspectiva e talvez olhando por um prisma diferente sobre a prática leva à perfeição, seja possível chegar a uma conclusão sobre o assunto.
Para alguns tipos de decisão, pode ser que os atalhos ou regras de bolso produzam resultados não tão bons quando desejaríamos, ou que nosso cérebro possa não conseguir processar com a rapidez que desejamos alguns cálculos ou informações necessárias à nossa tomada de decisões.
Se olharmos bem, existem situações em que nosso cérebro é sim uma máquina impressionante de cálculos rápidos e precisos.
Por exemplo, um tenista profissional pode seguir a trajetória de uma bola de tênis, depois que ela é lançada, a uma velocidade de 250 km/h, mover-se para o local ideal na quadra, posicionar seu braço e girar a raquete para devolva a bola na quadra do adversário, tudo dentro de algumas centenas de milissegundos.
Além disso, o cérebro pode realizar todas essas tarefas (com a ajuda do corpo que controla) com consumo de energia cerca de dez vezes menor que um computador pessoal.
Outra propriedade importante do cérebro, é que as forças de conexão entre os neurônios podem ser modificadas em resposta à atividade e à experiência – um processo que os neurocientistas acreditam amplamente ser a base para aprendizado e memória.
O treinamento repetitivo permite que os circuitos neuronais se tornem melhor configurados para as tarefas que estão sendo executadas, resultando em velocidade e precisão muito melhoradas.
Então se quiser ficar bom algo, pratique! Acredito que todos já devem conhecer o ditado popular que diz: “A prática leva à perfeição”. Segundo as descobertas das Neurociências, como coloquei acima, o mais correto seria dizer que:
A prática leva à especialização.
Isso não quer dizer que atingiremos a perfeição pela prática, mas sim que podemos ter falhas reduzidas e também maior rapidez na execução de determinadas tarefas com a prática e consequente especialização.